quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Artistas da Memória

         Ao contrário daquele ditado "Não se deve julgar um livro pela sua capa", confesso que foi a primeira coisa que despertou a minha atenção quando peguei neste livro. Há que admitir que é uma capa muito criativa e colorida :D
         De que se trata o livro? É uma boa questão de facto. Penso que este livro retrata a suprema das ironias. Centra-se sobretudo em duas personagens: em Noel Burun, um jovem cientista que padece de hiperamnésia e de sinestesia, isto é, lembra-se de tudo que vivenciou na sua vida, sem esquecer o mais pequeno pormenor. Desconheço que haja alguém que queira lembrar-se de tudo, incluindo as experiências mais dolorosas e negras da sua vida. Tal "dom" pode transformar-se numa verdadeira maldição. E como a vida anda sempre de mãos dadas com a ironia, a mãe de Noel, Stella Burun, vê-se confrontada com a doença de Alzheimer, e nesta batalha, pouco a pouco, a sua memória vai-se desintegrando e cai num abismo profundo, fazendo com que Stella perca cada vez mais o contacto com a realidade. Reality bites, right?
         Apesar dos médicos lhe darem a triste notícia de que não há cura para o Alzheimer, e que não se avizinha tal acontecimento tão cedo, Noel não perde a esperança, nem que isso exija que se ele próprio a tomar as rédeas da situação e descobrir a cura para esta doença. Nesta cruzada, depara-se com 3 estranhas personagens, cada uma delas essencial para este processo.
         Norval Blaquière, um escritor boémio, que  aclama ser o Lord Byron dos nossos dias, e tem como projecto dormir com diferentes mulheres, sendo o seu único requisito que esta ordem seja de acordo com o Alfabeto, começando com uma mulher, cujo nome que comece por A, e por aí fora, até à letra Z, num período de 6 meses.
         Outra personagem é a jovem Samira Darwish, estudante de Arteterapia, que após o consumo de drogas numa festa, não guarda recordações dessa noite, e tem problemas de memória nos dias seguintes. E por fim, temos Jean-Jacques Jr, ou JJ, um excêntrico inventor, que tem um fascínio profundo por engenhocas, farmácia, e por mais estranho que pareça, por slogans..
         Ora bem, e aqui temos as personagens mais entranhas e imperfeitas, que aparentemente não apresentam laços, daí que seja importante sublinhar que "Não se deve julgar um livro pela sua capa" ;)
          Queria também acrescentar que uma das coisas que adorei neste livro, foi o facto das personagens principais escreverem um diário sobre as experiências do seu dia-a-dia, e havia aquele contraste fantástico entre as passagens da mãe e do seu filho, e era possível acompanhar a progressão do Alzheimer naquela família, e o impacto que este teve. Só tenho mesmo de dizer que o livro é muito bom :)
           Quem estiver interessado, não me importo de o emprestar, desde que vocês não se importem de vir buscá-lo à Madeira xD
            Boas Leituras!!!
         

Sem comentários:

Enviar um comentário